Copo tombado



Procurei por todo o lado, vezes sem conta, numa estória que só me segreda sempre as mesmas reticências: já não te sinto como antes. Já não és o solo quente que recebia com compaixão a àgua escorrendo dos copos tombados pela tempestade. Ou isso, ou já não sou o mesmo: já não tenho o prazer de me partilhar contigo, já não consigo florear-te como uma vez fui capaz. E é aqui que a verdade mais se desvenda: o meu maior problema é o meu passado contigo. O que uma vez teve a felicidade de o ser, nunca mais o será. Não da mesma forma, não com o mesmo encanto. É por isso que as amarras que me magoam os pulsos me impedem de nos retirar de um limbo que me rouba o ar, que me alimenta a sede de te acabar. Agora?

Um comentário:

João Roque disse...

O amor, como tudo na vida, tem limites temporais, na maioria dos casos.