Uma carta para ti*

"It's been so lonely without you here

I'm like a bird without a song"

Foram mais de quinze dias e sete horas desde que te vi, ouvi e sorri por isso. O tempo que passou não soprou sobre aquele jardim que plantamos juntos. Mantemos vivas cada uma das flores que lá há. Iluminamos com sorrisos e regamos com compreensão cada uma das suas pétalas a que chamamos memórias. 

Quando voltaste, há uns dias, soube que a vida não te reservou mudanças alegres. Soube por ti dessa tua descoberta. Na tua humildade de que tanto gosto, reconheces agora que, de facto, para nos desiludirmos basta criar ilusões. Muitos te apontam o dedo agora que sabem que todos os avisos que te deram, mais do que as mãos podem contar, se tornaram realidade. Que os devias ter escutado, que erraste. Mas, e quem são eles? Quem sou eu para te dizer que não devias ter acreditado naquela que poderia ser uma grande história de amor e um forte grito de esperança, daqueles que nos acordam da nossa existência medíocre dizendo que o amor é possível. Esperaste por um amor que não veio e por um outro que parece ter-se esgotado depressa demais. E não erraste assim, não mesmo. A acreditar nunca se erra, sempre se aprende.

Agora que ambos sabemos que as nuvens nunca vão de vez e que esta chuva tocará as nossas faces até que o nosso respirar seja mudo, não quero que te esqueças: basta um pequeno gesto, um curto pedido e eu corresponderei sempre com um grande apoio e um longo abraçar. Querida amiga, não quero ser apenas teu companheiro quando o jardim resplandece. Por tudo aquilo que és e pelo que foste para mim. Porque é tanto o que nos une e tão pouco o que nos separa. No que precisares, eu tentarei ser bom porto, porto de abrigo.

p.s.: para a minha querida Amiga Li.