Parte II
Em diferentes mas constantes momentos neste caminho precisei de tempo. Tempo que nem sempre me foi suficiente. Que nem sempre me surgiu. Que tantas vezes fiz nascer dentro de si mesmo.
E hoje, hoje contemplo o horizonte. Ancorado num areal sem flora, prisioneiro de uma força que
não há. A esse horizonte, onde tantas vezes adormeci o olhar no embalar de pensamentos altos, pergunto se o mar são sonhos. Se o é dos sonhados apenas ou dos realizados também. E ele, no seu equilíbrio celeste, segreda-me apenas que aos sonhados conhece qualquer tamanho e qualquer vontade. Eu aproveito e acrescento, ansiando uma retórica que me acorde o entendimento, que qualquer desses sonhos, rasgados ou inteiros, pode ainda tocar aquele infinito azul. A acalmia do seu ser manteve-se, embora os seus lábios não esboçassem sorrisos. Pensei ter tido resposta suficiente quando, reerguendo a cabeça, reencontrei o seu olhar e nele mergulhei como nunca. Perguntava-me, ali, se ainda os conhecia. Aos sonhos. Não os quaisquer mas os meus próprios. E se o vejo ou o olho apenas, a ele: o horizonte.
Um comentário:
O que prova, meu querido, que vivemos todos debaixo do mesmo céu, mas nem todos têm o mesmo horizonte. Caminhemos. Fica bem.
Beijos, flores e estrelas *****
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