"O casamento e a família são instituições que não são substituíveis por outras associações."
"A família tem algo de original que é a união entre um homem e uma mulher [pelo que não adianta] inventar um novo dicionário."
"A igreja acolhe, respeita e condena toda a discriminação que se faça a esse respeito, mas essa vontade de integração e de não discriminação não dá direito a tudo."
"[A Igreja e a Constituição da República Portuguesa] defendem o casamento único e insubstituível."
"[O casamento entre homossexuais] é uma questão de vanguarda desfocada que leva por um caminho antropologicamente errado."
"Não é fiável quem se mete nestas aventuras em que a sociedade portuguesa fica exposta a feridas profundas."
Não é uma posição nova, muito menos surpreendente. A surpresa fica-se pela capacidade de a igreja católica apostólica romana portuguesa ter o descaramento de vir a público fazer tais declarações, sem sequer forjar (como é seu triste apanágio) nem esse mesmo descaramento nem a ignorância e hipocrisia que revestem cada palavra.
A sociedade "fica exposta a feridas profundas" e "avançamos num sentido antropologicamente errado"? Então e a Idade Média, em que a Igreja em causa tirou partido da trilologia negra para mergulhar a sociedade da altura em obscurantismo (um nome bonito e culto para ignorância) e medo? Décadas de Inquisição, de censura, de mistura de Estado e Religião, de pobreza física e espiritual. Décadas e décadas de morte arbitrária, de controlo total da vida de cada um, de perseguição e temor em que ninguém podia ser mais do que o permitido pelos cânones (melhor: por quem os tinha). Ou podia, caso fizesse doações de caridade como um homem (mulher não) digno e integro... e umas quantas rezas também, para não esquecer. Tudo isto foi o quê? Um "mal necessário ao mundo"?
O casamento homossexual pode não ser uma questão de vanguarda... mas na Conferência Episcopal de pouco mais se falou. E lembro-me, depois, da persistente proibição do uso do preservativo pela Igreja, que também não é assunto de vanguarda, mas à custa do qual morrem milhões de pessoas com as DST. Lembro-me que a crise existe mas todas as igrejas rejubilam de opulência e luxúria e o próprio Vaticano, que não sente os efeitos da crise, não permite mendigos nas suas ruas. Lembro-me dos casos de pedofilia e relações homossexuais no seio de uma Igreja "casta e pura" que são constantemente abafados. Lembro-me da impossibilidade de uma mulher poder aceder ás hierarquias mais altas de uma Igreja que "condena qualquer tipo de discriminação". Lembro-me destes e de mais exemplos e pergunto-me sobre a noção de "questão de vanguarda" da igreja... Talvez nunca sejam de vanguarda os assuntos que possam levar a direcções diferentes das da igreja. Talvez estes e outros assuntos nunca sejam de vanguarda...
E tudo me leva a duas conclusões: aquilo que a Igreja faz não tem inverso, isto é: a igreja quer intervir nos assuntos do Estado muito mais do que o Estado quer regular o que a Igreja faz (e talvez este último parecer seja um "mal [muito mais] necessário"). Para além disto, a Igreja é aquilo que os homens fazem dela. O Livro Sagrado e as Escrituras talvez merecessem uma visão e interpretação diferente, feitas à luz da modernidade e da evolução. No entanto, a Igreja aceita Darwin mas dispensa a Evolução...
"A família tem algo de original que é a união entre um homem e uma mulher [pelo que não adianta] inventar um novo dicionário."
"A igreja acolhe, respeita e condena toda a discriminação que se faça a esse respeito, mas essa vontade de integração e de não discriminação não dá direito a tudo."
"[A Igreja e a Constituição da República Portuguesa] defendem o casamento único e insubstituível."
"[O casamento entre homossexuais] é uma questão de vanguarda desfocada que leva por um caminho antropologicamente errado."
"Não é fiável quem se mete nestas aventuras em que a sociedade portuguesa fica exposta a feridas profundas."
Citações das declarações do secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, JN, 11 Fevereiro 2009, pág. 3
Não é uma posição nova, muito menos surpreendente. A surpresa fica-se pela capacidade de a igreja católica apostólica romana portuguesa ter o descaramento de vir a público fazer tais declarações, sem sequer forjar (como é seu triste apanágio) nem esse mesmo descaramento nem a ignorância e hipocrisia que revestem cada palavra.
A sociedade "fica exposta a feridas profundas" e "avançamos num sentido antropologicamente errado"? Então e a Idade Média, em que a Igreja em causa tirou partido da trilologia negra para mergulhar a sociedade da altura em obscurantismo (um nome bonito e culto para ignorância) e medo? Décadas de Inquisição, de censura, de mistura de Estado e Religião, de pobreza física e espiritual. Décadas e décadas de morte arbitrária, de controlo total da vida de cada um, de perseguição e temor em que ninguém podia ser mais do que o permitido pelos cânones (melhor: por quem os tinha). Ou podia, caso fizesse doações de caridade como um homem (mulher não) digno e integro... e umas quantas rezas também, para não esquecer. Tudo isto foi o quê? Um "mal necessário ao mundo"?
O casamento homossexual pode não ser uma questão de vanguarda... mas na Conferência Episcopal de pouco mais se falou. E lembro-me, depois, da persistente proibição do uso do preservativo pela Igreja, que também não é assunto de vanguarda, mas à custa do qual morrem milhões de pessoas com as DST. Lembro-me que a crise existe mas todas as igrejas rejubilam de opulência e luxúria e o próprio Vaticano, que não sente os efeitos da crise, não permite mendigos nas suas ruas. Lembro-me dos casos de pedofilia e relações homossexuais no seio de uma Igreja "casta e pura" que são constantemente abafados. Lembro-me da impossibilidade de uma mulher poder aceder ás hierarquias mais altas de uma Igreja que "condena qualquer tipo de discriminação". Lembro-me destes e de mais exemplos e pergunto-me sobre a noção de "questão de vanguarda" da igreja... Talvez nunca sejam de vanguarda os assuntos que possam levar a direcções diferentes das da igreja. Talvez estes e outros assuntos nunca sejam de vanguarda...
E tudo me leva a duas conclusões: aquilo que a Igreja faz não tem inverso, isto é: a igreja quer intervir nos assuntos do Estado muito mais do que o Estado quer regular o que a Igreja faz (e talvez este último parecer seja um "mal [muito mais] necessário"). Para além disto, a Igreja é aquilo que os homens fazem dela. O Livro Sagrado e as Escrituras talvez merecessem uma visão e interpretação diferente, feitas à luz da modernidade e da evolução. No entanto, a Igreja aceita Darwin mas dispensa a Evolução...
Já espero uma série de calúnias e insultos, nada que me espante. Mas nem retiro uma palavra nem me amedrontam: porque hoje como ontem, sou eu mesmo. Abraço qualquer visitante de qualquer religião mas nem por isso deixo de dizer a quem abraço o que não concordo e aceito o feedback. Se são incapazes de assimilar isso, botão do canto superior direito da página, s.f.f.
Ah! Já agora: "Aldrabão de merda és tu" diz bem do grau de intelectualidade de quem comenta... E dá a cara: é anónimo.
Ah! Já agora: "Aldrabão de merda és tu" diz bem do grau de intelectualidade de quem comenta... E dá a cara: é anónimo.
10 comentários:
aldrabão de merda és tu
Não vale a pena ficares chateado/irritado com alguém que vive frustrado e recalcado que a única coisa que sabe fazer é insultar as pessoas... coitadinho de quem o faz por certo que ainda não parou em frente ao espelho para se ver bem.
Quanto ás "saídas" da igreja, e sendo eu catolica sinceramente deviam de evitar manifestarem-se por momentos, porque no meio de tanta sabedoria dos senhores sai tanta asneira que é uma coisa fantástica.
Quanto ao teu blog, ao teu trabalho, já sabes o que penso dele FORÇA eu adoro e estou sempre deste lado para te acompanhar.
Beijinho ;)
O teu post está interessante. E, de certa forma, partilho da tua opinião em vários pontos. Penso que actualmente a Igreja está demasiado retrógrada, e prende-se a princípios que nem eles próprios sabem explicar bem. Acontece que nós, não só como sociedade mas também como seres humanos, estamos em constante evolução e isso traz inevitavelmente mudança. Ora se a Igreja não está preparada para acompanhar essa evolução, então o mais provável é que com o passar do tempo vá ficando mais para trás. Não estamos a falar apenas de homossexualidade, aqui estão implícitos muitos outros pontos controversos tais como o aborto, o uso do preservativo, o divórcio, etc etc. Num mundo cada vez mais diversificado, há que respeitar a diferença e aprender a conjugá-la pois penso que todos temos direito ao nosso lugar. Ao assumir este tipo de atitudes, penso que a Igreja não está a respeitar a existência de diferenças e assim, duvido que consiga conquistar também o respeito que esta (ainda) pensa ter por parte de todos os outros.
Abraço, e obrigado pela tua opinião!
Meu anjo,
Os anos passam, mas parece que certas mentes continuam estagnadas e custa-me a crer que as pessoas não consigam aceitar que todos temos o direito de sermos nós próprios, de exprimir opiniões, de tirar a máscara a falsos princípios e a falsos líderes (religiosos ou não...).
Custa-me a aceitar que haja ainda "anónimos" a comentar de forma hostil este texto (e muitos outros, decerto...), tirando ao seu Ser a oportunidade de EVOLUIR.
Custa-me que actualmente se continue a ter de lutar tanto por algo que nos é intrínseco, que nos é de DIREITO: a diferença!
Mas por todos estes obstáculos, toda esta luta e esta coragem de expressar ideias controversas (e sinceras, posso dizer que me ORGULHO de ser do teu SANGUE.
Ser diferente, é ser igual: é ser HUMANO!
Isto apica-se a todos os assuntos "tabu" que teimamos em manter: sexo, religião, princípios...
*OPEN YOUR MIND*
Love U
MaR
Este assunto dava imensa discussão... é muito complexo, estamos numa era em que tudo esta em mudança não de valores, nem creenças, porque a maioria das pessoas deixo-a de as ter, falo na mudança de filosofia de vida ...
Bjs e bom fds.
Olá! Antes de entrar na matéria do texto duas sugestões: a) põe moderação de comentários e não publiques os rasgos brilhantes das inteligências raras que, não tão raramente, não sabem que fazer ao homossexual reprimido que vive dentro deles. São mais dignos de pena do que de indignação: b) na última linha do teu post o que queres dizer é "Ah!"(interjeição) e não "Há"( verbo haver). Não leves a mal mas é defeito profissional corrigir estas "gralhas"!
Quanto ao que escreves no post é obvio que estás cheio de razão. Mas não há pior cego do que aquele que não quer ver; não há pior tolo do que aquele que se recusa a pensar...
Creio que devemos responder, não com ódio ao ódio, mas sim com firmeza e compreensão. A homossexualidade e a transexualidade assustam as pessoas ( foram "programadas" desde a infância para recusar o que não está conforme às leis da Santa Madre Igreja , seja ela qul for...)
Apenas temos de continuar a lutar e pensar um pouco como o Harvey MilK que é mostrado no filme : "It's our lives we're fighting for!"
Não nos podemos dar ao luxo de desistir...
Fica bem. Beijinh@s
Apenas para dizer que é um post objectivo no que diz.
Uma coisa é defender os valores em que se acredita, o que a Igreja Católica, como qualquer outra confissão o pode fazer, outra é tentar impor a todos esses valores.
Esse chão já deu uvas, como sabemos...
Abraço!
Partilho em muito das tuas opiniões!
Quanto aos anónimos, sei que é difícil, mas tenta ignorar o máximo que consigas!
Beijocas!!
Querido Nelson, o amor existe e a sua forma, contexto ou forma de se expressar depende de cada um, diz respeito a cada um e quem não percebe isso, não sabe claramente o que é o amor!
Por isso, essas opiniões, declarações e religiosidades morais e hipócritas estão caducas.
Deixemo-las cair.
Beijo
GRANDE POST :)
Concordo tanto ctg! Estive no Vaticano, queria mesmo la ir para confirmar aquilo que sempre achei: a Igreja católica é uma instituiçao hipocrita,gulosa, ambiciosa, injusta, preconceituosa e que não respeita a carta dos Direitos do Homem. E digo-te que tive uma educação do mais católica que pode haver! Mas hoje em dia não suporto, não aguento. Como já li num comentario acima, não deveriamos ter que lutar por algo a que temos o direito: a diferença!
beijinho
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