Ultimamente não tenho andado muito por estas ruas. Tenho-me sentido sem grande predisposição para escrever. Sem grande assunto para o fazer. Tenho andado assim...
No entanto, a vida encarrega-se sempre de nos dar pelo menos um pretexto para um qualquer regresso. E esse pretexto assim veio, natural e irremediavelmente embora não tenha sido risonho.
Há uns tempos, depois de apoiar uma conhecida a aproveitar a iniciativa das "Novas Oportunidades" (que, salvo certas criticas, foi dos únicos bons projectos do actual governo), comprometi-me a corrigir, capítulo a capítulo, o "Livro da sua vida". Este último, segundo percebi, é o instrumento pelo qual um júri do dito projecto avalia o grau de aprendizagem dos "alunos". A obtenção de um dado ano de escolaridade depende dele. Ontem comecei a cumprir com a minha palavra e mergulhei nos dois primeiros capítulos.
Aquilo que li é algo face ao qual não consigo estabelecer paralelos. Lembra-me "Os Miseráveis" mas mais novelesco. Nunca na minha vida imaginei que houvesse por aí uma rapariga de vinte anos com apenas a quarta classe e uma história de vida tão trágica. Com uma família mergulhada na droga, sobreviveu com a avó, doente e idosa, e teve que tratar do irmão mais novo. A mãe morreu-lhe nos braços e o pai fugiu após o funeral da mesma. Foi vitima de tentativa de abuso sexual e renegada pela sociedade. Essa menina almoçava na escola mas comia chá preto e pão seco ao jantar. Essa menina teve esse mesmo banquete no Natal. Embrulhou os peluches que tinha no seu quarto em jornal para dar prendas ao irmão. Foi ao mato cortar uma pinheiro que enfeitou com meias e trapos. Essa menina, que passou ao lado da segurança social portuguesa, tem uma história tão grande que nem dá para descrever...
Quem somos quando não temos ninguém a quem acudir? Quem somos quando não temos sítio para ir? Quem é esse estranho que vemos na rua? Onde bate o seu coração? E o nosso?
É isto que quero partilhar convosco hoje, na contagem decrescente que por ora vivemos...
No entanto, a vida encarrega-se sempre de nos dar pelo menos um pretexto para um qualquer regresso. E esse pretexto assim veio, natural e irremediavelmente embora não tenha sido risonho.
Há uns tempos, depois de apoiar uma conhecida a aproveitar a iniciativa das "Novas Oportunidades" (que, salvo certas criticas, foi dos únicos bons projectos do actual governo), comprometi-me a corrigir, capítulo a capítulo, o "Livro da sua vida". Este último, segundo percebi, é o instrumento pelo qual um júri do dito projecto avalia o grau de aprendizagem dos "alunos". A obtenção de um dado ano de escolaridade depende dele. Ontem comecei a cumprir com a minha palavra e mergulhei nos dois primeiros capítulos.
Aquilo que li é algo face ao qual não consigo estabelecer paralelos. Lembra-me "Os Miseráveis" mas mais novelesco. Nunca na minha vida imaginei que houvesse por aí uma rapariga de vinte anos com apenas a quarta classe e uma história de vida tão trágica. Com uma família mergulhada na droga, sobreviveu com a avó, doente e idosa, e teve que tratar do irmão mais novo. A mãe morreu-lhe nos braços e o pai fugiu após o funeral da mesma. Foi vitima de tentativa de abuso sexual e renegada pela sociedade. Essa menina almoçava na escola mas comia chá preto e pão seco ao jantar. Essa menina teve esse mesmo banquete no Natal. Embrulhou os peluches que tinha no seu quarto em jornal para dar prendas ao irmão. Foi ao mato cortar uma pinheiro que enfeitou com meias e trapos. Essa menina, que passou ao lado da segurança social portuguesa, tem uma história tão grande que nem dá para descrever...
Quem somos quando não temos ninguém a quem acudir? Quem somos quando não temos sítio para ir? Quem é esse estranho que vemos na rua? Onde bate o seu coração? E o nosso?
É isto que quero partilhar convosco hoje, na contagem decrescente que por ora vivemos...
"There's a hero
If you look inside your heart..."
If you look inside your heart..."
26 comentários:
Fiquei sem palvras...é impossivél imaginar o mundo de acontecimentos que estão por trás de um rosto!
Infelizmente existem muitas vidas de sofrimento.
boa semana.
beijos
Bem, que história.. e pensar que nós, com os nossos problemas minúsculos à beira de histórias assim, nos estamos sempre a queixar.. *
E há tantas histórias como essa... obrigada pela partilha!
Obrigada por partilhares, são estas histórias que nos fazem perceber a sorte que temos, nem que seja por temos uma casa, um lar onde nos sentimos seguros e protegidos.
Realmente há muitas histórias assim, e há imensas pessoas que lutam para terem uma vida melhor e conseguem. São esses os verdadeiros heróis.
"You don't have to be afraid of what you are..."
Apesar da minha opinião ser completamente diferente da tua, quanto à iniciativa, o que é facto torna-o, digamos, especial porque consegue trazer à tona histórias como essa. Infelizmente existe muitas iguais e outras bem piores. Mas existe um silêncio (quase diria sepulcral) quanto ao estado em que vivem, pois isso é sinónimo de vergonha.
Mas não posso deixar de te dar os parabéns pelo texto e pela partilha de mais uma história que vive "paredes-meias" connosco.
Beijo
Essas coisas fazem-nos pensar mesmo...Tens k voltar a escrever c mais frequencia!é sempre bom ler o k escreves!;)
Merry Christmas!*
Esta é a prova que a maioria de nós vive num paraíso e nem tem noção disso! Sim, podemos ter problemas e, por muito minusculos que sejam acabam sempre por nos afectar, mas ao pé de tanta gente nós somos mesmo afortunados!
Heróis são aqueles que perante a adversidade, sobrevivem :) *
...e andamos nós atarefados com os nossos 'problemas'...
"There's a hero
If you look inside your heart..."
Achas mesmo que um acto de altruísmo e de amor para com o próximo tem que ser considerado heróico?
Eu acho que não , mas realmente hoje em dia não se faz nada sem pensar numa recompensa...
Um abraço
E andamos nós por cá a queixarmo-nos a torto e a direito... Isso é que é amargura e luta...
adoro a musica...
there's a hero...
muito boa escolha :)
achamos sempre que temos a pior vida do mundo e há tantas mesmo ao nosso lado que sao bem piores que a nossa...
quanto à pergunta "onde bate agr o seu coração"..
o meu bate me fora do peito, no porto, dentro de uma gaveta qualquer esquecida, foi lá deixado por alguém que o recebeu e não o amou, mas esqueceu-se dele na gaveta e nunca mo devolveu.. Pode ser que um dia por acaso ele se lembre de a abrir e o devolver..
Realmente ela já passou muito... Enfim... Nunca imaginamos as histórias das pessoas que passam por nós na rua...
Emocionaste-me, Nelson. E isso, muito pouca gente consegue.
PS: Atenção que o prazo para terminares o 1º capítulo está a expirar. Depois de ler este teu texto, não vou perdoar mesmo.
Beijinhos :)
Muito obrigada pelos teus comentários! Ajuda ter a opinião das pessoas...
Gosto muito do teu blog, mesmo muito interessante a tua visão das coisas ;)
Beijos! Fica bem
Antes de mais obrigada pelas tuas palavras lá no meu espaço...ok...ja foi ha uma catrafada de tempo, mas só agora consegui vir aqui :-) Fos-te uma simpatia!!!!
E qt ao teu post, está muito profundo...gostei !
bjs e boas festas!
Antes de mais obrigada pelas tuas palavras lá no meu espaço...ok...ja foi ha uma catrafada de tempo, mas só agora consegui vir aqui :-) Fos-te uma simpatia!!!!
E qt ao teu post, está muito profundo...gostei !
bjs e boas festas!
Existem tantas histórias como essa. Pena é que, muitas vezes, fazemos do minimo um problema enorme, e esquecemo-nos de problemas como esse!
Na maioria das vezes temos uma visão pouco alargada, pensamos que a vida dos outros é semelhante a nossa, quando na realidade há um sem fim de histórias espalhadas por este mundo algumas tristes como esta ...
Espero que essa menina continue a agarrar o mundo com a mesma força que o tem feito e que um dia as pedras da vida se transformem em flores ;)
Beijinho Grande para ti Nelson e obrigada por partilhares ;)
E andamos nós sempre a queixar-nos por tudo e por nada!!
Mas que raio de atitude é esta a nossa!?
Bem este teu post diz tudo e ensina muita coisa......
Abraço amigo
=S até deixa sem hipotese de expor um comentario!
.
Relativamente à historia dos professores, acho q temos q discutir o assunto devidamente ;) (dá pano para mangas!)
.
Que achas?
Abraço
Carlitos
As reacções do ser humano chamado Homem são assim...cheias de sentimentos...
bj
Problemas, solidão, tristezas...O mundo está cheio desses sentimentos.
Alguns com mais, outros com menos...Porem o sofrimento é o mesmo.
Obrigada pelo comentario inteligente no meu blog, escrevo pra mim pensando em pessoas como vc pra me ler.
Bjos de luz!
Parabéns pelo texto, Nélson. Uma situação que é impossível não deixar dor na alma... :(
Um abraço
Quando menos esperamos somos surpreendidos por vidas repletas de verdadeiro sofrimento, de pessoas que na realidade sentem dificuldades.
Confesso que este texto em especial mexeu muito comigo, já o li várias vezes e fico a pensar no que será e o que se passará em muitas casas por ai além... infelizmente a segurança social portuguesa não tem a capacidade de chegar a todos, o que se lamenta pois deveriam de o fazer.
Beijinho enorme para ti e ainda bem que tives-te a oportunidade e o bom coração de ajudares alguém que necessita tanto de ajuda.
faço minhas as tuas considerações sobre o tempo, a ausência e o regresso! de facto, alguma coisa nos faz voltar.
o que aqui te move pode ter-te surpreendido sobremaneira, mas no ensino contactamos com realidades que só nos provam que a nossa existência por mais dolorosa que seja é um paraíso. acabamos por nos surpreender sempre, mas a existência ganha outras cores, às vezes muito trágicas. acho que não ficamos melhores por isso, mas pelo menos mais compreensivos. e percebemos como há pessoas que são realmente heroínas por terem sobrevivido a tanto. mais não seja, só por isso as Novas Oportunidades podem dar novos rumos à vida de muita gente.
abraço
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