Finalmente, o fim



Acabar com algo é quando esse mesmo algo está realmente acabado. Quando quem somos não se coaduna com quem vemos, o que vemos, o que deixamos de sentir. Continuando a caminhada em passos primeiros.
Esta foi uma experiência muito enriquecedora e, na grande partes dos momentos que são só seus, foi prazeroso. Marcou um tempo e vários locais da minha vida, alguns dos quais que não quero recordar outros cuja recordação magoará sempre o suficiente para me prender num tempo que já não é, que já não há...
Este blogue foi uma fonte de desabafo, um grito abafado, uma revolta suspirada numa folha qualquer. Foi tudo isso e muito mais. Foi um encontro comigo mesmo, alguém que julgava conhecer na altura...
Quando releio cada mensagem aqui segredada, vejo o crescer da minha escrita e orgulho-me. Orgulho-me da sua natureza estar vazia de influências, de nos seus contornos não haverem recalques, de no seu brilho não caberem contrastes. É a unicidade deste ato que galvaniza este matrimónio e me faz querer mais...
Este foi também um ringue de testes, um palco de quezílias pessoais que só agora encontrou conforto, só agora se pode rever num só reflexo. E quem cá esteve, cá ficará. Basta fazerem um bocadinho do milesimamente muito que foi feito neste durante: uma procura.
Agradecimentos especiais, que falharão sempre pela impossibilidade indesculpável de não me poder lembrar de todos ou de cada um dos que mereciam mas que ficam pela tentativa:
  • Às meninas do "Paraíso do Inferno" foram maravilhosas comigo desde o início e em vários momentos foi por elas que continuei mesmo que elas nunca o soubessem...
  • Ao Pinguim, que me foi um apoio constante, certamente o mais duradouro, de quem esperei sempre bastante e recebo ainda mais;
  • Ao Zé e ao Paulo que têm um blogue maravilhoso, com uma identidade única e sempre num equilíbrio entre a sensibilidade, o humor, a intensidade, a cultura e a sexualidade que fará inveja a imensos e que deverá ser uma referência no panorama do agir da comunidade gay em Portugal, a começar pelo pequenino...
  • À Elite, de quem invejo a fluência em mil e muitas línguas e em quem vejo uma mulher determinada, inteligente e carinhosa, que sabe viver e que enternece ao sorrir. Uma role model com muito mérito à mistura;
  • À autora de "A minha nuvem" e ao autor de "Em tons de vermelho" por terem os melhores blogues que li a nível literário. O primeiro pela força das imagens e da poesia solta mas encontrada, o segundo pelo poder da intensidade e da sedução misturados com uma subtileza ainda mais cativante;
  • Ao Sete;
  • À Anjo de Cor pela humildade, pela simplicidade e pelo carinho;
  • À Pipoca, que nunca leu o blogue mas que me divertiu imenso com o seu;

Um obrigado a todos e até já!

Aquele que somos viverá sempre nos mesmos moldes embora colorido de diferentes tons...



Ficar





As novidades que os olhos vêm nas surpresas que há em mim são presságio que corre para se confirmar: hoje um novo rumo se inicia, uma nova canção se canta. Feita de acordes familiares, de notas sempre iguais, conjugadas e subjugadas em melodias sempre diferentes, dessas que vestem corpos nus de reconhecimento. Dessas que descobrem a nudeza que os nossos próprios olhos não vêm...
Não regresso a lado algum, sigo apenas. Voltar seria uma travessia ingrata, inconcebível, irrealista talvez. "Voltar" pode nunca cumprir a sua essência, pode nunca ter acontecido. Nem a mim nem a ti, sejas quem fores, venhas de onde venhas. Somos um todo e somos mais nós nas arestas desalinhadas e agrestes desta composição moldada pelo próprio criador.
Não regresso. Simplesmente não parto...

Sem saberem...





Sete horas e quinze minutos depois, ninguém captou a essência da alma que por aqui pulsa, fragrância fervilhante de um ser que não se resigna, que não desiste e que mesmo fechando os olhos, sorri. Porque assim se entrega, mais devoto e mais puro, àquele que lhe pauta a respiração, que lhe comanda a vida: o sonho, o suspeito e o culpado de hoje, de agora e de todos os outros tempos...
Nos segredos do meu passado como na presente possibilidade de os revelar, um ponto comum: só a mim me pertencem. E na adversidade eu me encontrei mais sólido, mais ósseo: sou bem mais do que me parecia, bem menos do que se supunha e eternamente fiel à forte raiz de toda esta estrutura, uma auto-estima florescida mesclada com uma efervescente vontade de sorrir e de enfrentar dias mais radiosos, demorem eles o que demorarem, custem o que custarem...
Sem se aperceberem, eu sou mesmo... eu.


p.s.: Uma das interpretações mais incríveis se sempre*